“O momento que estamos vivendo pede reinvenção”

A palavra reinvenção nunca fez tanto sentido como agora. Que o diga a professora de Inglês Rafaella Frechiani, que dá aulas para as turmas do 2º ano do Ensino Fundamental. Pouco à vontade com a ideia de produzir vídeos para os alunos, ela precisou se acostumar com câmeras e edição de imagens para dar continuidade ao aprendizado das crianças.

Com muito esforço e criatividade, Rafaella superou as dificuldades e, hoje, é uma das professoras mais elogiadas na produção das videoaulas. Confira!

-A rotina dos professores mudou completamente com a paralisação das aulas. Como foi o início para você e quais os principais desafios que você enfrentou?

No início, tive uma grande dificuldade. Primeiro porque eu não sabia como produzir vídeos, editar, não era nada familiarizada com esse universo. Quando fiz o meu primeiro vídeo, eu tremia muito, não gostava dessa ideia de me expor. Mas rapidamente eu entendi a gravidade da situação e que precisava mudar a minha postura e me reinventar como professora, pois o momento pedia isso. Eu tinha duas opções: ou desistia ou enfrentava a situação de frente, com vontade de aprender algo novo. E foi isso o que eu fiz.

Procurei me informar com os colegas, comecei a prestar atenção naquilo que eles estavam produzindo, o que era legal, li muito, assisti a vários tutoriais sobre produção de conteúdo online e as ideias começaram a aparecer. Fui me adaptando, fui adaptando a minha casa também, criei um cantinho onde pudesse produzir as minhas aulas e, assim, fui melhorando.

-Você superou as dificuldades iniciais e, atualmente, é uma das professoras mais elogiadas na produção das videoaulas. A que você atribui esse bom resultado?

Acho que esse feedback positivo é resultado de muito estudo, esforço e criatividade. O momento que estamos vivendo pede reinvenção, e isso vale para todas as áreas da nossa vida. Aqui dentro de casa, enquanto família, tivemos de nos reinventar, eu como profissional precisei e ainda preciso me reinventar todos os dias. Essa é a palavra da vez. Não dá para ficar parado, reclamando, esbravejando, querendo que os tempos antigos voltem porque não irão voltar, pelo menos não agora. Temos de nos adaptar ao momento e viver o agora.

Eu tenho uma característica que considero muito bacana: gosto de aprender coisas novas. Sou uma pessoa curiosa, o aprendizado é algo que ninguém tira de você. Jamais imaginei que um dia seria capaz de produzir um vídeo sozinha. Eu edito, adiciono falas, figuras, músicas, efeitos especiais. E, quando me vejo fazendo tudo isso, fico muito orgulhosa. Vejo que nós podemos tudo, é só uma questão de ter vontade e proatividade.

-Como tem sido a interação com os alunos via internet?

Tem sido muito positiva. Mesmo que a gente não esteja pertinho um do outro, na maneira como elas se expressam eu consigo enxergar nelas a alegria de estar me vendo, de estar interagindo comigo e trocando ideias e aprendizados.

No meu primeiro tira-dúvidas eu fiquei muito nervosa. Toda vez que me lembro, eu me emociono. Fiquei muito nervosa, com muita vontade de chorar porque me emocionei quando vi as crianças. Segurei o choro várias vezes ao ver o rostinho delas. Vi como elas ficaram alegres de me ver.

À medida que os encontros virtuais foram acontecendo, pude entender a importância disso tudo neste momento. Eles entendem que não podemos estar juntos fisicamente, mas sabem que estamos conectados, e essa conexão é essencial durante esse processo de mudança que estamos vivendo.

É lógico que tem dias que eles estão um pouco mais agitados, mas a gente contorna e, no geral, os alunos são muito organizados e educados. A experiência está sendo muito boa.

-Quais as principais lições que você levará para a sua vida após essa pandemia?

São tantas coisas, mas creio que a maior lição é a nossa capacidade de adaptação. O ser humano tem um poder de adaptação imenso, somos muito fortes. E outra questão é sobre o aprender, como o aprender é valioso, como a gente pode aprender em meio ao caos. Parece utópico, mas é real, a gente aprende em meio ao caos e aprende muito!

Eu me reinventei como profissional e vou levar para a minha vida inteira tudo o que tenho aprendido nesses tempos de isolamento social. Essas práticas que adotei agora eu pretendo aplicar depois nas minhas aulas presenciais.

Esses tempos têm nos ensinado a crescer, a ter mais força, resiliência. Eu tenho certeza de que todos sairemos dessa pandemia diferentes. Acho que seremos melhores em vários aspectos. Eu sairei muito mais forte enquanto profissional, enquanto mãe e mulher.

Claro que tem dias que me sinto cansada, fraca, mas procuro sempre olhar para frente e entender que estou viva, com saúde, minha família também, e vamos em frente! Não podemos deixar a peteca cair, pois precisamos, mais do que nunca, estar juntos, conectados e alertas. E o aprendizado não pode parar!

-Deixe uma mensagem para os alunos e suas famílias.

Quero dizer para os meus alunos que a saudade é grande, conto os dias para poder reencontrá-los. Mas, enquanto isso não acontece, quero que eles continuem animados, felizes, com vontade de aprender, participativos e responsáveis. O que posso garantir, enquanto professora, é que vou continuar produzindo aulas divertidas, alegres, engraçadas, mas, principalmente, aulas onde eles possam aprender e utilizar aquilo que estão aprendendo.

Esse é o grande barato dessa situação toda, conseguir sorrir e se divertir, mesmo diante de algo tão difícil. Não podemos perder a alegria e isso eu posso garantir aos meus alunos e aos pais. A preocupação em levar até eles o conhecimento de forma divertida e lúdica é diária e constante. E será assim até o momento em que pudermos voltar à Escola, quando continuaremos com esse processo juntinhos e “face to face”.

Que Deus nos abençoe, que abençoe todas as famílias, que todos possam seguir fortes, pois tudo isso irá passar! Logo vamos nos reencontrar!

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