O contato com o contexto histórico, social, filosófico e psicológico de uma obra literária.
Ao ingressar no Ensino Médio da Escola São Domingos, os estudantes recebem uma missão que vai marcar toda a sua trajetória acadêmica, o Seminário de Literatura. Mais do que ler uma obra literária e apresentar oralmente para que o professor tenha certeza de que a leitura foi feita, eles são desafiados a entender o contexto social, filosófico, psicológico e literário da obra. Sim, esse trabalho dá trabalho – e os resultados são inestimáveis. Mas como isso é feito?
Fabiana Bezerra Benevides, professora da 1ª série do Ensino Médio da Escola São Domingos, explica que seleciona diversas obras literárias para que a leitura seja feita pelos estudantes. A escolha da professora também leva em consideração livros que são cobrados anualmente em grandes vestibulares do país, como Fuvest, Unicampi, USP, UFES, dentre outras instituições.
Em seguida, os estudantes se organizam em grupos e os livros são sorteados. Inicialmente, eles têm um tempo para ler o livro e fazer as suas interpretações individuais. Posteriormente, assim como os Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), que são elaborados no Ensino Superior, a orientação da professora começa, com a colaboração de professores de outras disciplinas, como História, Sociologia e Filosofia.
“Com esse Seminário de Literatura, a gente amplia o olhar dos alunos a respeito da introspecção, além de apresentá-lo, simultaneamente, a diversas frustrações. Por que aquele escritor precisou recorrer àquela linguagem para externalizar uma denúncia da época que ele vivia? O que ele queria dizer com o sarcasmo, com a utilização daquela linguagem rebuscada e introspectiva? Em qual contexto ele vivia? Que tipo de democracia existia? O que aquelas pessoas sentiam nesse contexto? O que você sente diante dessa descoberta hoje?”, explica a professora.
Durante o primeiro semestre do ano letivo, os estudantes produzem um trabalho escrito, de acordo com as normas da ABNT, desenvolvendo o senso de pesquisa que vai ser utilizado durante toda a sua vida. Sobre os alunos menos engajados, estudantes e professores estão sempre atentos na tentativa de minimizar as dificuldades, propondo aulas que usam a metodologia The Box, que coloca o estudante como o centro da aprendizagem, e, principalmente, o diálogo com os pais sobre a importância de estimular a leitura.
“Chamamos a família para conversar por entendermos que a falta de interesse pela leitura e pela pesquisa é porque o adolescente não foi estimulado da melhor forma nas séries anteriores. Trabalhamos esse tripé (estudante, escola e família) para que, seja em um almoço do dia a dia ou em um momento de descontração, pais ou responsáveis, estreitem os laços familiares e nos ajudem a entender o momento que o adolescente está vivendo para estimularmos o seu desenvolvimento estudantil”, explica a professora.
O resultado desse seminário? Engenheiros, médicos, professores, advogados, profissionais de todas as áreas que, por meio da leitura e do estímulo à pesquisa, desenvolveram o senso de criticidade e conseguem se colocar como protagonistas do tempo e do espaço que vivem.